Situada na intersecção entre ato, espetáculo de dança e gravação de filme, a performance “Plano Sequência / Take 2” aponta para um campo ainda pouco explorado, que a Companhia desenvolve desde 2015 e define como Coreocinegrafia. Em cena, oito intérpretes dançam, filmam, operam equipamentos e apoiam-se mutuamente na construção do acontecimento. O público pode assistir, em tempo real, a gravação de um filme em plano sequência (sem cortes), cujas cenas se encadeiam fluidamente e estão baseadas em coreografias, jogos cênicos e improvisações orientadas.

 

O elenco conduzirá, ainda, uma conversa pública sobre os aspectos principais que estruturam uma Coreocinegrafia e sobre os caminhos que apontam para a redefinição de concepções do que pode ser dramaturgia na fusão dessas linguagens.

 

No workshop, o núcleo de criação traz disparadores e proposições baseados em noções de fotografia e vídeo – quadros, planos, iluminação -, para abordar questões relativas à construção de uma visualidade que reforça, tensiona, cria oposições e inaugura discursos na relação entre o corpo e a câmera. A partir da utilização do ‘corpo câmera’ – termo que designa o espaço de investigação corporal desse trabalho -, serão explorados os elementos inerentes à produção audiovisual, que compõem um ato performático em coreocinegrafia.

 

Na videoinstalação, vídeos curta-metragens em plano sequência mostram, em looping, recortes do filme produzido pela Jorge Garcia Companhia de Dança em residência na Casa das Caldeiras. Criada como um dos braços da parceria da Cia com o cineasta Heitor Dhalia (‘O Cheiro do Ralo’/2006, ‘À Deriva‘/2009, ‘On Yoga‘/2017), a instalação traz imagens que transitam entre o realismo e a ficção, tendo como locação um cenário em constante reconstrução, atravessado pelo tempo e pelos corpos.